O Coliseu é um dos monumentos mais famosos e impressionantes da Roma antiga. Construído pelos imperadores flavianos entre 70 e 80 d.C., ele era o maior e mais complexo anfiteatro do mundo antigo, capaz de abrigar mais de 50 mil espectadores que assistiam a espetáculos sangrentos de gladiadores e animais selvagens. Mas o que muitos não sabem é que o Coliseu tem uma forte conexão com a história judaica, pois foi financiado e construído com o resultado da destruição de Jerusalém pelos romanos.
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Em 66 d.C., os judeus da Judeia se rebelaram contra a opressão romana, iniciando a Primeira Guerra Judaico-Romana. O imperador Nero enviou seu general Vespasiano para sufocar a revolta, mas ele morreu antes de completar a missão. Seu filho Tito assumiu o comando e cercou Jerusalém em 70 d.C., depois de conquistar outras cidades judaicas. Após meses de resistência heroica, os romanos invadiram a cidade sagrada e incendiaram o Segundo Templo, o centro da vida religiosa e nacional dos judeus. Eles saquearam os tesouros do Templo, incluindo a Menorá de ouro, um candelabro de sete braços que era um dos símbolos do judaísmo. Eles também levaram milhares de prisioneiros judeus como escravos.
Tito voltou para Roma triunfante e celebrou sua vitória com um desfile espetacular, no qual exibiu os espólios da guerra judaica, incluindo a Menorá. Ele também mandou cunhar moedas com a inscrição “Judea Capta”, ou “Judeia Capturada”, para comemorar seu feito. Seu pai Vespasiano, que havia se tornado imperador em 69 d.C., após uma guerra civil, decidiu usar o dinheiro da guerra para construir um novo anfiteatro no centro de Roma, no lugar onde ficava o lago artificial da Domus Aurea, o palácio extravagante de Nero. Assim, ele pretendia apagar a memória do tirano odiado e mostrar ao povo romano os benefícios da nova dinastia flaviana.
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O Coliseu foi inaugurado por Tito em 80 d.C., após a morte de Vespasiano. Durante cem dias, ele ofereceu jogos gratuitos ao povo, nos quais milhares de gladiadores e animais foram mortos para o divertimento da multidão. O Coliseu era uma obra-prima da arquitetura e da engenharia, com quatro andares, 80 entradas e um sistema complexo de elevadores e alçapões que permitiam mudar rapidamente o cenário da arena. Mas ele também era um monumento à dinastia e à morte, pois foi erguido com o sangue e o suor dos judeus que foram derrotados e escravizados pelos romanos.
Hoje, o Coliseu é uma das atrações turísticas mais visitadas do mundo, mas poucos conhecem sua história trágica e sua ligação com o povo judeu. Alguns estudiosos sugerem que ele deveria ser visto como um memorial do Holocausto antigo, pois representa a tentativa romana de aniquilar a identidade e a cultura judaicas. Outros defendem que ele seja preservado como um testemunho da grandeza e da crueldade da civilização romana. De qualquer forma, o Coliseu é um símbolo poderoso do passado que nos convida a refletir sobre o presente e o futuro.
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