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Comentário Parashat Ki Tetsê

Nesta parashá temos um conjunto de leis sendo descritas. Desde aquelas relacionadas à guerra, até aquelas relacionadas a juros. Assim, conseguimos ter uma ideia de como era a sociedade israelita naquela época, com seus juízes, conselhos e sentenças àqueles que fossem contra as leis estabelecidas.

Imagem criada por I.A. para este texto


Sabendo do que se trata a parashá, penso que devemos lê-la de forma cuidadosa. Sim, há leis que poderiam ser aplicadas no mundo atual, mas também há aquelas que nos fazem lembrar que o livro que estamos lendo tem alguns milênios de idade. Alguns milênios de mudanças, perseguições, guerras … aquele mundo no qual as leis eram aplicadas não é o mesmo no qual colocamos nossos pés hoje. Leis criadas com o intuito da preservação de uma vida plena, para humanos ou outros animais, devem, sim, ser revisitadas, mas aquelas com apedrejamento a mulheres pelo simples fato de perderem a virgindade fora do casamento, claramente, não se aplicam mais. Não faremos nada além de sermos judeus com relação às leis que não fazem mais sentido: questioná-las não quer dizer ignorar a nossa história, mas sim, entender que o tempo passou.

Enquanto lia as notas presentes nesta parashá, o seguinte trecho me chamou atenção:


“(...) a Torá pretende chamar a atenção para que a nossa maneira de viver, de pensar e de agir seja um veemente protesto contra os princípios Amalequitas, isto é, contra a injustiça, contra a infâmia, contra a brutalidade e terror, contra toda espécie de abuso do poder do forte contra o mais fraco, contra a adoração do êxito na vida particular ou coletiva”.


Sendo assim, não devemos questionar aquilo que poderia funcionar em uma época, mas que, atualmente, se tornou injusto? Somos um povo de protesto, não de acomodação. Nunca devemos esquecer da tradição, mas se olharmos apenas para trás, e nunca para o mundo que muda à nossa frente, não seremos nada além de estátuas de sal. Devemos ser flexíveis quando necessário e é isso que nos mantêm e manteve vivos por todos esses milênios. Houve um momento em que transcrever a lei oral não era permitido, mas quem seríamos hoje sem o Talmud? Estaríamos aqui?

Contudo não vamos deixar de pensar em como algumas de nossas leis também são revolucionárias. Que grande revolução essa de 1977 quando o divórcio foi finalmente permitido no Brasil … não é nem como se a gente falasse disso a milênios. Enfim, apenas devemos ser críticos com relação àquilo que é nosso, somos um povo que tentou fazer de seu modo de vida um protesto, não vamos nos manter em um passado misógino.


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