Brega 2
Montagem criada por Roberto Camara Jr.
Com dias dos namorados aí, decidi continuar no meio Brega, já que ano passado foi mais dedicado aos clássicos da música romântica internacional. Há quem diga que a data em si é brega, no sentido cafona da palavra. Porém o que seria o Brega, musicalmente falando, senão uma expressão artística-musical dos sentimentos mais profundos relacionados a amar outra pessoa. Se fala do amor romântico e desesperado, mas também de sofrer por amor e de todas as mazelas envolvendo amar. Inclusive, muita gente acredita que para conhecer o amor de verdade, é preciso sofrer por ele. Será?
No texto anterior, eu citei o documentário feito por Patrícia Pillar sobre a vida e obra de Waldick Soreano. A atriz conta que praticamente foi criada pelas empregadas domésticas, tanto de sua casa quanto vizinhas, e por essa relação próxima com elas, acabou se apaixonando pela música de Waldick Soreano, um grande ídolo dessa grande categoria. Então, assim como o outro texto, irei começar não com uma música, mas com um documentário
Waldick, Sempre no Meu Coração
Antônio Marcos nasceu em São Paulo em 1945, começou sua vida profissional como contínuo (office-boy) e vendedor de loja até ingressar no meio musical através programas de calouros onde se destacou entre 1960 e 1962 por seu talento musical atrelado ao humorismo. Em 1965, com 19 anos, integrou o coral da Golden Gate e atuou em peças musicais. Posteriormente, foi contratado pela RCA e se tornou integrante da banda Os Iguais de Jovem Guarda. Em 1969 ficou em 4° lugar no V Festival de MPB da TV Record e ganhou o prêmio de melhor intérprete. Depois disso veio o sucesso com as gravações de “Oração De Um Jovem Triste” (uma de suas melhores), “Como Vai Você” e sua participação na peça teatral Hair. Durante a década de 1970 e 1980, teve músicas em novelas como “O Profeta” e “Cara a Cara”. O cantor foi casado com a cantora Vanusa, cuja uma das filhas é a cantora Aretha Marcos, e também foi casado com a atriz Débora Duarte com quem teve a atriz Paloma Duarte. Também teve um relacionamento em seus últimos anos com a filha da primeira esposa de Roberto Carlos. Infelizmente, com o declínio de sua carreira nos anos 1980s, Antônio Marcos se afundou no alcoolismo e foi vítima de uma insuficiência hepática.
A música escolhida é uma versão brasileira de um clássico do grupo italiano Santo California, “Tornero”.
Antônio Marcos – Volte Amor
Márcio Pereira Leite, mais conhecido como Márcio Greyck, nasceu em Belo Horizonte em 1947 e iniciou sua carreira musical em 1967 quando lançou seu primeiro disco com canções dos Beatles. Mas o sucesso só chegou mesmo em 1971 com o grande clássico “Impossível Acreditar que Perdi Você”. Diga-se de passagem, é uma tenebrosa sensação. Lançada em um single pela CBS, vendeu mais de 500 mil cópias ficando nas paradas por seis meses consecutivos e foi regravada por mais de 60 artistas como Fábio Júnior, Rita Ribeiro, Verônica Sabino, Wilson Simonal, Rosana e outros. Depois emplacou cantando em italiano e espanhol, fazendo se tornar sucesso na América Latina e em Portugal. Fez tanto sucesso que chegou a ter seu próprio programa na TV Tupi. Márcio Greyck namorou a cantora Adriana e foi casado com Maria da Conceição Miguel, com quem teve o ator Bruno Miguel.
Márcio Greyck – É Impossível Acreditar Que Perdi Você
Paulo Sérgio nasceu em 1944 em Alegre no Espírito Santo. Foi cantor, compositor e ator, se destacando como um dos maiores artistas da música romântica brasileira. Paulo Sérgio se mudou para o Rio de Janeiro onde começou sua carreira musical em 1968 e já começou a carreira com o seu maior sucesso “Última Canção” cujo compacto vendeu 60 mil cópias em apenas três semanas (lembrando que isso era 1968). Ele lançou treze discos que venderam mais de 10 milhões de cópias em seus poucos 12 anos de carreira. Infelizmente teve uma morte prematura aos 36 anos devidos um AVC.
Paulo Sérgio – Última Canção
Pedro Soares Bezerra era muito mais conhecido por Carlos Alexandre, um grande cantor Brega que emplacou 15 discos de ouro e um de platina. Começou a carreira no Rio Grande do Norte usando o nome “Pedrinho” em 1975. Porém, em 1977, foi rebatizado como Carlos Alexandre e posteriormente foi levado pelo radialista Carlos Alberto de Sousa para a gravadora RGE, pela qual gravou um compacto que vendeu 100 mil cópias logo de cara. Depois disso, gravou o sucesso “Feiticeira” que vendeu mais de 250 mil cópias. Seu primeiro álbum completo foi gravado em 1978 com Os Carbonos (especializados em covers e versões internacionais). Infelizmente, em 1989, o cantor se envolveu em um acidente fatal na estrada estadual RN-093.
Carlos Alexandre – Cartão Postal
Bartolomeu da Silva, nasceu em Sousa na Paraíba em 1950, mas o público só o conhece como Bartô Galeno. Com apenas 10 anos, já morando em Mossoró no Rio Grande do Norte, já era conhecido localmente por cantar clássicos da Jovem Guarda e, com o tempo, passou a ser chamado para cantar na Rádio Rural e fazia participações em programas de calouros em que frequentemente ficava em primeiro lugar. Com ajuda de um Padre, Bartô se mudou para São Paulo e pode conhecer de perto os músicos da Jovem Guarda. Inicialmente, ele começou sua carreira musical em São Paulo como compositor. Seu primeiro álbum como cantor foi lançado somente em 1975 e se chamava “Só Lembranças” igual ao seu sucesso. Em 1978 ele lança seu maior sucesso que com certeza você pelo menos já ouviu falar, “No Toca-Fita do Meu Carro”.
Bartô Galeno – No Toca-Fita Do Meu Carro
Ivan Peter também nasceu em Sousa na Paraíba e sua época de sucesso foi mais durante a década de 1980s quando lançou sucessos como “Tudo Isso Porque Te Amo”, “Vamos Parar de Brigar”, “Viciado em Fazer Amor”, “Eu Não Vou Mais Brigar”, “Eu Te Amo”, “Pode Chorar”, “A Velinha Abandonada”, “O Regresso”, “Minha Mãe, Minha Amiga” e muitos outros. O cantor, depois de muito tempo sumido após 15 álbuns, “apareceu” após seu falecimento em Fortaleza em 2022.
Ivan Peter – Tchau Tchau Amor
Durante as décadas de 1960 e 1970, muitos artistas como Fábio Júnior, também conhecido como Mark Daves, e Ralf (da dupla Christian e Ralf) faziam sucesso fingindo serem cantores internacionais geralmente cantando em inglês, mas muitas vezes em espanhol e italiano -inclusive, a Jovem Guarda deve muito ao Rock italiano-. Creio que a principal banda dessa leva são os Pholhas, banda surgida em São Paulo em 1969. Eles começaram com covers de bandas dos Estados Unidos e Inglaterra, mas logo no seu primeiro disco de 1973, “Dead Faces” lançados pela RCA, já saiu contendo duas músicas autorais que marcaram a música brasileira... pelo menos a música brasileira cantada em inglês. Seu compacto chegou a vender 400 mil cópias em apenas três meses. Logo após o sucesso de “My Mistake”, veio o compacto com “She Made Me Cry” (inclusive eu gravei um vídeo onde me apaixono e sou largado na porta de uma igreja e trocado por outro com essa música e outra versão com “Cartão Postal” de Carlos Alexandre) que vendeu mais de 300 mil cópias.
Os Pholhas – She Made Me Cry
Seguindo essa linha, José Carlos Gonzales assumiu o nome artístico de Dave MacLean cujo repertório era todo em inglês. Ele era filho de um espanhol que o incentivava a cantar, começando a cantar e tocar aos cinco anos de idade. Teve sua primeira banda em 1969 no ABC paulista. Em 1973, a Som Livre o incentivou a gravar suas músicas em inglês e suas músicas seriam inseridas nas novelas. Dave não foi sucesso só no brasil, recebeu disco de ouro no México e teve reconhecimento nas Filipinas, Equador, Panamá, Portugal, Estados Unidos, Espanha, França e Inglaterra. Porém na década de 1980s, esse ramo de cantores brasileiros cantando em inglês estava decadente, então Dave monta uma banda com os irmãos Munhoz chamado trio Dollar Company. Em 1996, aproveitando a modernização musical e midiática da música Country, montou a banda Montana Country. Desde 2010 Dave faz apresentações com covers de clássicos internacionais como Bee Gees, Elton John, Johnny Rivers e Beatles.
Dave MacLean – We Said Goodbye
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