Continuando minha pequena homenagem às mulheres, darei seguimento focando em algumas das minhas artistas favoritas no campo nacional. Tudo bem que já tenha passado o Dia Internacional das Mulheres, mas preferi dividir entre nacional e internacional para ser mais justo com algumas de nossas preciosidades.
Imagem de mohamed Hassan por Pixabay
Ana Maria Siqueira Iório é mais conhecida como a cantora Diana, uma das minhas cantoras favoritas. Ela deu início a sua carreira musical ainda no sucesso da Jovem Guarda, no final dos anos 60s. Obtendo certo destaque ainda em seus primeiros compactos gravados (1969), em 1971 ela grava o sucesso “Ainda Queima a Esperança” de composição de Raul Seixas, que passou a ser seu produtor em 1970. Basicamente cada compacto ou disco que Diana gravava continha um sucesso nacional como “Uma Vez Mais”, “Fatalidade” e “Porque Brigamos”, essa última podemos dizer que foi seu maior sucesso. Diana não era só intérprete, mas também era compositora chegando até a trabalhar em composições junto a Carlinhos Barros do Renato e seus Blue Caps. Foi casada com o grande cantor romântico (e brega) Odair José (1969-1975) com quem fez grande parceria musical.
Diana – Meu Lamento
Elba Ramalho é uma figura nacionalmente conhecida, porém também tem sua projeção, mesmo que modesta, internacional. Atriz, cantora, compositora e multi-instrumentista premiada internacionalmente. Nascida no interior da Paraíba, Elba Ramalho sempre teve, com apoio de sua família, interesse pelo campo artístico, sobretudo teatro e música. Elba Ramalho começa a explorar seu lado artístico ainda na adolescência participando de corais, musicais e peças na década de 60s. Em 1968, enquanto cursava Economia e Sociologia da federal da Paraíba, montou a banda de meninas As Brasas. Em 1974, Elba decide mudar para o Rio de Janeiro para poder investir na sua carreira musical. Inicialmente ela trabalhava com atriz de teatro, geralmente em papeis musicais, e se tornou amiga de Alceu Valença e Carlos Vereza. Em 1977 atua no filme “Morte e Vida Severina” e em 1978 atua e canta na “Ópera do Malandro” de Chico Buarque, o que rendeu parceria com Alcione e Maria Bethânia. Em 1979 ela recebeu o destaque que merecia com seu álbum de estreia “Ave de Prata” que ganhou Grammy e tem canções na trilha sonora de “A República dos Assassinos”, além de contar com a participação de “monstros sagrados” como Dominguinhos, Zé Ramalho, Geraldo Azevedo, Novelli, Vinícius Cantuária, Sivuca, Robertinho de Recife, Nivaldo Ornelas e Jackson do Pandeiro. A Madonna do Agreste, a Tina Turner do Sertão, a Rita Lee da Caatinga, Elba Ramalho:
Elba Ramalho – Chão de Giz
A rainha do Samba, Alcione. Acredito que não exista brasileiro que não conheça essa cantora impecável que tem um jeito único de fazer seu Samba, se é que podemos simplesmente chamar assim. Nossa querida Marrom nasceu em São Luiz no Maranhão de uma família cujo pai era da banda da polícia militar. Desde criança teve contato e foi incentivada à música e aos nove anos já sabia tocar trompete e clarinete. Aos doze anos já fazia suas primeiras apresentações profissionais na Orquestra Jazz Guarani, regida por seu pai. Importante dizer que se pode perceber influência do Jazz, assim como outros elementos de outros gêneros, em diversas músicas suas. Trabalhou durante a década de 60s se tronou fixa num programa da TV do Maranhão até se mudar para o Rio de Janeiro em 1972. Alcione começou a tocar em diversos clubes, bares e boates até ter a oportunidade de trabalhar na TV Excelsior que proporcionou sua primeira turnê pela América do Sul e posteriormente Europa, onde morou por dois anos. E seu sucesso ocorreu relativamente rápido em apenas seus meses trabalhando na emissora. Em 1974 foi convidada a desfilar pela Mangueira e desde então, essa é uma das maiores artistas brasileiras de todos os tempos.
Alcione – A Loba
Clara Nunes foi uma cantora e compositora tida como uma das melhores que já existiu aqui nesse país. Acredito que por ser uma grande pesquisadora de música popular brasileira, conseguiu criar uma espécie de “Samba Folk” trazendo muitos elementos tradicionais principalmente da cultura afro-brasileira. Por ser grande conhecedora da cultura, músicas, danças e tradições de origem africana, converteu-se à umbanda e isso se torna elemento crucial de suas músicas. Mesmo iniciando sua carreira musical cantando em bares e boates do subúrbio carioca, conseguiu se firmar no samba, ritmo que não era seu carro-chefe inicialmente, e começou a frequentar e se apresentar em escolas de samba. Em 1965 trabalha como cantora contratada na gravadora Odeon e em 1966 laça seu primeiro LP com boleros e sambas, porém foi um fracasso comercial. Mas isso não impediu que se tornasse um sucesso em 1968 e acabasse sendo uma das maiores representantes da música brasileira.
Clara Nunes – O Mar Serenou
Já disse anteriormente que não sou muito fã do que é tido como MPB e tão pouco da terminologia aplicada. Geralmente gosto de coisas pontuais, mas claro que não negarei o talento desses valorosos músicos (só não os admiro tanto quanto a maioria de seus fãs). Falar de Gal Costa é chover no molhado. Compositora, Multi-instrumentista, cantora e uma das maiores intérpretes do Brasil, também já se aventurou no teatro. Gal, assim como seus grandes parceiros, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Betânia e Tom Zé, não sou foi uma das percussoras do movimento Tropicalista, mas também foi uma das contribuições artísticas mais revolucionárias de seu tempo. Também começando na década de 60s, Gal experimentou de tudo musicalmente falando. Dependendo do álbum, ou até mesmo da música de mesmo álbum, ela vai do Samba ao Rock Psicodélico, do Folk ao Jazz, do Funk ou experimental e por aí vai.
Gal Costa – Tuareg
Outra cantora que não necessita de muita falação é Elis Regina. Ela também é considerada uma das maiores vozes brasileiras e também é sucesso internacional. Essa pequena gaúcha moldava sua MPB com bases que misturavam Bossa Nova, Samba, Jazz, Blues e Rock. Elis Regina tinha o dom de melhorar música que já eram boas em suas versões originais como Roberto Carlos, Adoniran Barbosa e Belchior. Elis Regina era intensa, poderosa e com uma voz que continha uma forte emoção. É bem nítida a forma que ela se entrega para cantar, assim como podemos ver uma roupagem muito mais trabalhada por porte de sua banda para os arranjos da música. Infelizmente, aos trinta e seis anos, Elis Regina morre e com ela um pedaço da música brasileira foi junto.
Elis Regina – Velha Roupa Colorida
Outra das maiores cantoras, compositoras e instrumentistas brasileira é sem dúvidas Nara Leão. A grande musa da Bossa Nova, ela foi a mais importante cantora do gênero. Inclusive, gostaria de ressaltar minha opinião pessoal e dizer que a considera uma das mais animadas da Bossa Nova, pois considero um gênero bem tendencioso à chatice. E digo mais, até onde sei, ela foi uma das criadoras da Bossa Nova. Reza a lenda que ela fazia reuniões musicais no apartamento de seus pais em Copacabana com pessoas de destaque do gênero como Roberto Menescal, Carlos Lyra, Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli ainda no fim de 50s. Em 1963 ela já começa sua parceria com Vinícius de Moraes e Carlos Lyra. Importante frisar também que ela não ficou presa a Bossa Nova e o Samba, mas também fez suas experimentações e contribuições para o movimento tropicalista.
Nara Leão – Carcará
Muito se fala do Rei do Baião, Luiz Gonzaga, mas já ouviu falar da Rainha do Xaxado?
Inês Caetano de Oliveira, é mais conhecida como Marinês de Marinês e Sua Gente. Ela foi uma importante cantora e compositora de Forró, Baião, Xaxado e Sertanejo. Além da indumentária típica nordestina, suas músicas carregavam muito da vida cotidiana do povo do sertão. Letras bestas para uns, mas rica para outros. Ela segue uma linha bem regionalista como Trio Nordestino ou o próprio Luiz Gonzaga de contar histórias populares e banais que misturam música com uma narrativa típica de prosas e crônicas.
Marinês e Sua Gente – Peba da Pimenta
Já falamos da rainha do Samba, da musa da Bossa Nova, mas agora é a madrinha do Samba que chegou. Elizabeth “Beth” Carvalho também foi sem dúvidas uma das maiores cantoras e interpretes da música brasileira. Um dos maiores nomes do Samba e uma grande representante nossa. Além de uma bela voz e um tino bom para composição, Beth também “botava pra quebrar” no cavaquinho. Ela também foi responsável por revelar figuras importantes do samba como Luiz Carlos da Vila, Jorge Aragão, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Fundo de QUINTAL, Arlindo Cruz e Quinteto em Branco e Preto.
Beth Carvalho – Quem É De Sambar
Como de costume, destino as últimas músicas, sempre que o tema comporta, para o chamado underground e nesse tema não seria diferente. Em 1982, na cidade de São Paulo, seguindo a onda do movimento Punk, lideradas por Sandra Coutinho, Rosália e Ana Machado formam o grupo que misturava Punk e Post-Punk, Mercenárias. Inclusive a banda chegou a contar com Edgard Scandurra na bateria ainda em seu começo. Sua sonoridade mais reta, menos agressiva (em relação ao Punk) e uma batida mais repetitiva e caída (não de uma forma negativa necessariamente) elas seguem por uma linha mais próxima do Pós-Punk, porém mantendo uma agressividade mais próxima do Punk. Tive o prazer de pegar um show delas em Belo Horizonte em 2017, porém só Sandra continuava de original da banda.
Mercenárias – Me Perco Nesse Tempo
Nervosa é uma das minhas bandas de Thrash Metal brasileira favoritas. Foi formada em São Paulo em 2010 com Prika Amaral no comando e na guitarra. Sua sonoridade é um Thrash Metal, mas pode-se notar uma certa influência de Death Metal em suas músicas. Eu, particularmente, preferia quando a banda tinha Fernanda Lira no baixo e vocal e Luana Dametto na bateria. Ambas saíram da banda e formaram a banda Crypta, um Power Trio de Death Metal com influências de Thrash. Hoje Nervosa conta com Diva Satanica nos vocais, Mia Wallace no baixo e Eleni Nota na bateria. Além disso, Nervosa aproximou muito mais suas músicas para o Death Metal.
Nervosa – Kill The Silence
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