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Foto do escritorDr. Rogério Palmeira

Negação, por Deborah E. Lipstadt. Enfrentando um negacionista do Holocausto no Tribunal.




Débora Esther Lipstadt é uma escritora, historiadora americana, professora de Judaísmo Moderno e Estudos sobre o Holocausto na Universidade Emory, em Atlanta, Estados Unidos. A autora se destaca por livros e trabalhos acadêmicos, inclusive o ainda não disponível em português, The Eichmann Trial.

Agora imaginemos que um negacionista do holocausto resolvesse processar a acadêmica na qual Lipstadt tivesse que comprovar que os fatos bem documentados tinham sido reais. Pois bem, o famoso negacionista inglês David Irving, autor de diversas obras sobre a Segunda Guerra Mundial e o Terceiro Reich, de cunho negacionista, que colocam em xeque a autenticidade das atrocidades cometidas pelos nazistas, inclusive duvidando da veracidade histórica da existência das câmaras de gás, fez exatamente isso, processo a historiadora por difamação, obrigando Lipstadt a enfrentá-lo em uma corte britânica de justiça.


Recentemente resenhamos a prestigiada Graphic Novel Maus, de autoria do também americano Art Spiegelman, no mesmo dia que publicamos, a obra foi censurada em uma escola no estado do Tennessee. O poeta judeu alemão Heinrich Heine (1797-1856 ) certa vez comentou, quase profeticamente: “Onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas”. Em 1933, montanhas de livros eram queimados em cerimônias histéricas na Alemanha Nazista, anos depois judeus, ciganos, gays, deficientes físicos e mentais eram exterminados em massa, viravam fumaça em fornos crematórios espalhados por campos da morte.


Esta semana, fomos surpreendidos (ou não), quando um youtuber que já chamara atenção em 2021 por declarações racistas no canal Flow, defender o “direito das pessoas não gostarem de judeus e mesmo ter um Partido Nazista", tudo isso com o silêncio e anuência do deputado federal Kim Kataguri (que por isso, recebeu dois pedidos de cassação e pode perder seu mandato), enquanto a também deputada federal Tábata Amaral tentava argumentar o absurdo da fala. Esta e outras atitudes negacionistas e racistas, que vem se banalizando, tornam a leitura de “Negação”, quase uma obrigação, pois quando atingimos este ponto de naturalização do nazismo e de sua plataforma, já chegamos à barbárie. E precisamos combater, para que a civilidade volte à tona.


As alegações negacionistas de David Irving, levaram a Deborah Lipstadt a descrevê-lo como “um dos mais perigosos porta-vozes do negacionismo do Holocausto” O livro deu origem a um filme homônimo em 2017, estrelado por Rachel Weisz, (Trailer aqui) que retrata a batalha jurídica, que também se tornou uma batalha simbólica entre a história séria, como ciência, a defesa dos fatos contra uma historiografia revisionista e pseudocientífica, que se ancora em distorção de fatos e documentos e mais modernamente se utiliza dos mecanismos das redes sociais e da internet em geral, para disseminar mentiras, fake news e ódio. O perigo do negacionismo do holocausto é uma das mais perversas faces da ideologia de extrema-direita, que vem na esteira do aumento do antissemitismo no Brasil e no mundo, sobretudo durante a pandemia, com disseminação de ideias como “ vírus judeu”, “ gripe judaica” e outras formas de histerias, extremamente perigosas, mostra como a doença do racismo vem, infelizmente, crescendo.




Negação. Edição Português por Deborah E. Lipstadt; Tradução de Maurício Tambon; Editora ‏ ‎ Universo dos Livros; 1ª edição , 432 páginas.



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