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Parashat Bechucotai



(Vayicrá 26:3-27:33; Haftará – Jeremias 16:19-17:14)

 

Bechucotai, que se traduz como “Nos meus estatutos”, é uma porção que destaca a importância dos mandamentos do Divino. Ela enfatiza a necessidade de cumprir Seus estatutos, que estão ligados à continuidade da vida, não apenas em termos de sobrevivência, mas também em termos de proteção divina contra animais perigosos e inimigos. A aliança conosco é reafirmada, e o Divino mostra seu zelo por nosso povo, lembrando nossa libertação do Egito. Esta porção sublinha a importância da obediência ao Divino e aos Seus estatutos, juízos e leis entregues no Monte Sinai a Moshê Rabenu, que devemos seguir sem restrições, e as consequências resultantes do cumprimento ou não das mitzvot.


O capítulo final desta porção destaca o resgate de bens com valores muito específicos e diferentes categorias: são apresentados os valores das pessoas, dos animais, das casas, dos primogênitos dos animais e do dízimo, e como ocorre a libertação de um voto.


Rashi (Rabi Shlomo Yitzchaki), o renomado comentarista medieval, destaca a palavra "bechukotai" (em meus decretos) no início da parashá. Ele explica que a palavra "chukim" (decretos) refere-se às mitzvot (mandamentos) que não têm uma explicação racional aparente e são seguidas exclusivamente por causa da obediência à vontade divina. Rashi enfatiza que o estudo diligente da Torá é fundamental. Ele diz que o estudo constante e intenso da Torá é a base para todas as bênçãos mencionadas. Para Rashi, o compromisso com o estudo e a observância da Torá é o que mantém o povo judeu alinhado com a vontade de H’Shem.  O Ramban (Nachmanides), oferece uma perspectiva mais mística. Ele vê as bênçãos e maldições como consequências naturais da conexão ou desconexão com a espiritualidade e a santidade. Ramban destaca que a terra de Israel tem uma relação especial com a observância das mitzvot, sendo um reflexo do comportamento espiritual de seus habitantes. Ele argumenta que a obediência às leis do Eterno atrai uma energia espiritual positiva que abençoa a terra com prosperidade e paz, enquanto a desobediência atrai energias negativas que resultam em destruição e exílio. O Rabi Samson Raphael Hirsch, um comentarista do século XIX, traz uma visão ética e prática. Ele interpreta as bênçãos e maldições como um guia para o comportamento moral e comunitário. Para ele, as bênçãos representam uma sociedade em que a justiça, a moralidade e a solidariedade prevalecem. As maldições, por outro lado, são uma advertência contra a corrupção, a injustiça e a desunião. Ele vê o texto como uma chamada para que o povo judeu viva de acordo com altos padrões éticos, refletindo a santidade de H’Shem em suas interações diárias.


A Parashá Bechucotai, através das lentes de Rashi, Ramban e Rabi Hirsch, destaca a profundidade e a multifacetada natureza do relacionamento entre o povo de Israel e Deus. Rashi nos lembra da importância do estudo e da observância das mitzvot, Ramban nos convida a ver a conexão espiritual com a terra de Israel e Hirsch nos chama a atenção para os valores éticos e morais. Juntos, esses ensinamentos sublinham que a fidelidade à aliança divina não é apenas uma questão de obediência ritual, mas também uma prática espiritual profunda e um compromisso com a justiça e a moralidade.

 

O Rabino Jonathan Sacks z”l ressalta que a obediência aos mandamentos do Eterno não se resume apenas ao cumprimento de normas, mas envolve também a autotranscendência. Ele propõe que, ao combinar a energia de Behar (a porção da Torá que precede Bechucotai) com a responsabilidade da autotranscendência presente em Bechucotai, alcançamos uma compreensão mais profunda do verdadeiro significado da obediência aos mandamentos do Eterno.


Devemos sim dar importância às nossas ações e à responsabilidade de cada um de nós perante este conjunto de estatutos, preceitos e leis. Como está no primeiro capítulo do livro de Salmos, devemos meditar na Torá do Divino dia e noite. Afinal, a Torá é nosso guia para uma vida mais equilibrada. Considerando esta reflexão, podemos afirmar que estamos em um momento propício para tudo isso, pois estamos em uma jornada espiritual através da contagem do Ômer desde o segundo dia de Pessach. Nós refletimos sobre nossas ações todas as noites, observando como controlamos nossos impulsos, evoluindo nas Sefirot Espirituais nos preparando para a entrega da Torá em Shavuot, que significa “juramentos”. Este é um pacto duradouro entre o Divino e o povo de Israel, em que um não abandonará o outro…


Depois desta breve reflexão, chegamos ao fim de mais um livro da Torá que é Vayicrá - um livro de estatutos, leis e preceitos…


Chazac Chazac, Venit’Chazec – Força! Força! Que Sejamos Fortalecidos!

Shabat Shalom Umevorach

Marcos Wanderley

 

Referências:

- A Torá de Matzliah Melamed

- A Torá de Rashi

- Zohar

- O Ser Judeu

- O Judaismo Vivo

 

 

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