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Parashat Ekev

“Como consequência..."

Sidra 46ªda Torá; 3º do Sefer Devarim. Entre Pessukim 7:12 e 11:25.

Haftará em Yeshaiá 49:14 – 51:3.


“Amor e Temor”

Imagem criada por I.A. para este texto.


Todas as Mitzvot devem ser observadas e seguidas, pois assim Israel recebe bênçãos. Moshê anuncia que a conquista gradual da Terra Prometida é necessária para evitar que ela seja tomada por animais selvagens. Ele reitera a obrigação de erradicar completamente a idolatria. Moshê enfatiza a singularidade e a imutabilidade da Torá. É destacada a generosidade de H'Sh'm em prover para o Povo sem esperar nada em troca, mesmo diante de suas reclamações e rebeliões. Moisés descreve a Terra de Israel como abundante em trigo, centeio, uvas, figos, romãs e com abundantes oliveiras e mel de tâmaras.


Moisés lembra Israel de não confiar em seus próprios méritos, pois o sucesso deles é resultado da proteção e cuidado de H'Shem, que os guia. Os cananeus não são expulsos pela bondade de Israel, mas sim por causa de seus próprios pecados e decadência. Apesar dos constantes pecados, queixas e rebeliões do Povo, eles não devem ser julgados com rigidez. A parashá recorda que, apesar de terem contemplado a majestade de H'Shem no Monte Sinai durante a entrega da Torá, o Povo pecou repetidamente no deserto ao longo dos anos.


Diferentes momentos da história recente do Povo são lembrados, enfatizando a importância de algumas Mitzvot sociais, que são mandamentos de H'Shem, não por mera vontade do povo. É reiterado o dever de proteger os filhos de Levi, que não possuem territórios, e afirma-se que os judeus devem ser fiéis ao Eterno, buscando seguir Suas ações para serem pessoas boas e confirmar a eleição de Israel como povo sacerdote de H'Shem.


A parashá relembra que das setenta almas que desceram ao Egito nos tempos de Yosef, o Eterno fez o Povo crescer numerosamente, tornando-se tão incontável quanto as estrelas do céu antes de entrar em Israel. São relatadas as recompensas pelo cumprimento das Mitzvot e o castigo decorrente das transgressões.


Qual é o significado da Torá para nós?


Cada judeu tem uma perspectiva única da Torá, seja interpretando-a de forma literal parcial ou completa, seja explorando suas múltiplas interpretações e aplicando-a em sua vida - uma escolha pessoal e intransferível. A Torá é comparada à árvore da vida - "Ets Chayim" - e, nesse sentido, compreendemos a importância do respeito que devemos ter por ela, pois é o alicerce que sustenta nossa existência. Ela representa a realeza do judaísmo, assim como o Mishkan.


Os conceitos de “amor” e “temor” são repetidamente apresentados nas Parashiot Vaethanan e Ekev, sendo estes os propósitos finais da presença do ser humano na Terra como etapas preparatórias para este fim. Entretanto, estes dois conceitos parecem paradoxais de acordo com os nossos Sábios no Midrash Tanaím:


"Não há amor onde há temor, nem temor onde há amor, exceto em relação a D’s".


Contudo, a frase: "O que o Senhor teu Deus requer de ti, senão que temas ao Senhor teu D’s?" É de difícil e peculiar compreensão. Isso ocorre porque o pronome interrogativo "o que" sugere uma redução. Por exemplo:


  • "O que é o homem, para que te lembres dele?" (Tehilim 8, 5)

  • "O que é o homem, para que o magnifiques?" (Job 7, 17)

  • "Qual é a minha força para continuar esperando?" (Job 6, 11)

  • “Nossos Sábios expressam sua surpresa” (Brachot 33b):

  • "O que o Senhor requer de ti, senão que temas ...":


Será que temer a D’s é algo tão insignificante?


Indubitavelmente, para Moisés, o temor a D’s é algo de pouca monta, e conforme mencionou o Rabino Chanina, podemos imaginar que se alguém lhe pede emprestado um objeto importante e ele o possui, considerará isso algo trivial, mas para outra pessoa que lhe solicita algo de pouco valor e ela não possui, isso parecerá algo de grande importância.


O temor é uma atitude que se adquire ao seguir os mandamentos da Torá e é considerada a mais nobre disposição que um ser humano pode alcançar, entretanto, só pode ser adquirida após enfrentar grandes dificuldades e esforços. O patriarca Abraão não foi chamado de "temeroso de D’s" até que tivesse superado suas provações. Neste sentido, foi dito a seu respeito em Bereshit 22:12: "Agora sei que temes a D’s", ou seja, alcançaste o mais elevado caráter que um ser humano pode atingir nesta vida, merecedor da vida futura.


A Torá destaca essa disposição em várias ocasiões, como em Vayikrá 19:32: "... e temerás o teu Deus, Eu sou o Senhor"; e em Devarim 6:13: "Teme ao Senhor teu D’s". Por ser extremamente difícil alcançar tal qualidade, embora possível ao cumprir os mandamentos do Senhor, a Torá afirma, com toda a razão, em Devarim 10:12-13: "Agora, ó Israel, o que o Senhor teu D’s requer de ti, senão temer ao Senhor teu D’s, andar em todos os Seus caminhos, amá-Lo e servi-Lo com todo o teu coração e com toda a tua alma, e guardar os mandamentos do Senhor e os Seus estatutos que eu te ordeno hoje, para o teu próprio benefício?".


A interpretação deste versículo é a seguinte: Moisés está explicando ao povo a grande benevolência de D’s. É claro que para alcançar a perfeição da alma, o homem deve temer a D’s, seguir Seus caminhos, amá-Lo e servi-Lo com todo o coração e alma. Contudo, como é muito árduo atingir o nível exigido de temor, amor e adoração total, D’s facilitou para o homem ao ordenar apenas o cumprimento dos estatutos e mandamentos, permitindo assim alcançar o grau de disposição que se pode obter ao servi-Lo com todo o coração e alma.


Shabat Shalom Umevorach


Marcos Wanderley



Referências:


  • Ecos do Sinai

  • Meór HaShabat Fax

  • Torá – comentários de Rashi

  • Veshinantam – Estudo diário da Torá

  • Reflexões da Torá – por Profa. Nejama Leibovitz

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