(Deuteronômio 11:26 - 16:17)
Entre as crenças centrais do judaísmo, se encontra crença no livre-arbítrio, a capacidade de escolher seu destino, contrário a crença comum em muitas filosofias e religiões, de que somos marionetes, com vidas pré-determinadas. A parashá Re’eh (“Veja”, “ Vede”), se inicia com esta lembrança, nos é mostrada possibilidade de escolha entre uma “Benção” ou “Maldição”. Tudo depende de seguirmos a instrução de D´us- Torah- ou nos afastarmos dela. Moshé adverte que seguir as mitzvot levará os israelitas a serem o povo mais “abençoado da terra”, não por possuir superioridade em relação aos demais povos, mas por poderem se afastar das armadilhas que os demais povos caíram: na idolatria, na violência, na ganância e na desunião.
Nesta parashá (re)aparecem diversas mitzvot fundamentais: evitar-se idolatria, a necessidade de entregarmos as primícias, as orientações sobre as leis de Kashrut - determinando os animais adequados ao consumos e os que deveriam ser evitados. Aqui aparecem também as orientações para os shalosh regalim, as três festas de peregrinação: Pessach, Shavuot e Sukkot. Correspondentes a nosso estabelecimento como povo, nosso estabelecimento espiritual e material.
Moshé lembra que os israelitas devem se manter autênticos e evitar adoção de costumes idólatras, não se subtrair ou acrescentar mandamentos, nem ouvir falsos profetas.
Mas de maneira ainda mais fundamental, aparecem as sementes da justiça social: a shimita, o ano sabático, a obrigação de deixar no campo a porção para alimentar o levita, estrangeiro que habita entre os israelitas, o órfão e a viúva. A cada sete anos deve haver o perdão das dívidas e se houver alguém escravizado, este deve ser liberto, e ao ser liberto, não poderá ser liberado de mãos abanando, mas com meios para sobrevivência. Alerta-se que não deve haver mendigo entre o povo, porém mais adiante de modo aparentemente contraditório, há a advertência que nunca cessará de existir mendigos. Na linguagem da Torah, não há contradição, pois o que está implícito aqui é que a pobreza-a existência de mendigos- não deixará de existir se não seguirmos estas orientações.
No Talmud, o Rabino Hama, filho do Rabino Hanina, perguntou-se o que significa no texto desta Parashá , "Você deve andar após o Senhor seu D”us.". Como pode um ser humano andar após Deus? O Rabino Hama Bar Hanina então nos explica que isto significa que devemos aprender com D’us, imitar seus atos. Assim como D’us veste os desnudos, devemos também vestir os necessitados, assim com D’s visitou os enfermos, devemos também visitar os doentes-Bikur cholim -e assim como D'us consolou os enlutados, devemos consolar as pessoas em Luto e assim como D’us sepultou os mortos, devemos também realizar os funerais. Gemara (Comentário da Mishna, ambos formam o Talmud), nos ensina que esta Parashá apresenta uma das três virtudes mais distintas do povo judeu, a misericórdia. Porém lembremos, parafraseando a Parashá: veja,depende de sua escolha, escolher a benção de ser Misericordioso.
Shabat Shalom
Imagem de analogicus por Pixabay
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