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Foto do escritorMauro Brachmans

Parashat Shelach


Imagem de 3959267 por Pixabay



A Parashá dessa semana relata o conhecido caso dos 12 espiões enviados à terra de Canaã para conhece-la em detalhes – relevo, geografia, hábitos, protecionais das cidades, etc. – e, assim, contribuir com o planejamento militar para a iminente batalha que se avizinhava.


A expressão completa é SHELACH LECHÁ – ENVIA PARA TI (os espiões). Para ti, Moisés, para aplacar a sua insegurança, os seus temores, a sua descrença e a do povo. O Eterno já havia prometido a terra, após todos os milagres e sinais desde a saída do Egito. Não deveria haver dúvida.


Os espiões foram cuidadosamente escolhidos entre os príncipes de cada uma das 12 tribos. E passaram 40 dias explorando a terra, sua topografia, sua gente. Ao retornarem, todos foram unânimes em confirmar que de lá emanavam leite e mel e frutos e que realmente a terra era muito boa, como prometera o Eterno. Porém...


Essa é uma expressão muito perigosa. Sempre que alguém a usa, sabemos que pode tecer os maiores elogios a uma pessoa, um povo, um lugar, mas sentimos que, em algum momento, aparecerá um “porém” que mudará todo o contexto e desnudará o verdadeiro sentimento de quem nos fala.


Porém... 10 dos 12 espiões se utilizaram dessa palavra para afirmar que as cidades eram muito fortificadas, o povo muito forte, de gigantes, e que não seríamos capazes de vencê-los. O povo lamentou e chorou por toda a noite, dizendo que melhor teria sido morrer no Egito ou no deserto do que sob o fio da espada.


As palavras têm um poder que nossos limitados sentidos desconhecem. Para o bem e para o mal. E, uma vez proferidas, não têm volta, se espalham em ondas pelo universo. Por causa desse relato e desse lamento, assim os céus os atenderam: essa geração vagou por 40 anos pelo deserto para ali morrer, conforme clamaram. E não entraram na Terra Prometida.


Falamos sem pensar, especialmente em momentos de tensão. O Pirkê Avot diz que o herói é aquele que controla os seus impulsos. Que nesse Shabat tenhamos todos a oportunidade de refletir a esse respeito. Que de nossos lábios saiam sempre palavras que engrandeçam, confortem, encorajem, nunca entristeçam, magoem, desestimulem. Que mesmo alertas e críticas sejam feitos com amor. Pela nossa evolução. Pela nossa paz. Pelo Tikum Olam.


Shabat Shalom!


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