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Parashá Toledot



A parashá Toledot conta a história de vida de nosso segundo patriarca, Isaac, a sua relação com a esposa, Rebeca, e com seus filhos Esaú e Jacob, que, desde o ventre, entram em combate. Diferente dos outros dois patriarcas, Abraão e Jacob, Isaac tem apenas esta parashá dando conta de toda a sua vivência, e, muitos acreditam, que seja por ele ter tido uma vida mais pacífica, com menos provações. Em momentos de angústia, ele apenas seguia o seu caminho, ainda que esta parashá seja uma das primeiras menções do antissemistismo, com os Filisteus expulsando-o apenas por tentar encontrar um local para se estabelecer.


Para Maassê Avó Siman Labanim, “as experiências dos patriarcas prenunciam o futuro de seus descendentes”. O que se prova consistente, já que muito do que vemos em Toledot, se repetiu em muitos momentos da história de nosso povo. Assim como Isaac, nos vimos forçados a nos reestabelecer diversas vezes, fomos forçados a deixar nossas casas e reconstruir tudo do zero em diferentes séculos e lugares e vemos embates entre Esaú e Jacob tomar novas roupagens a cada dia que se passa. Mas, apesar de essa fala se provar verdadeira ao longo de milênios, ela deve se manter verdadeira para sempre? Estaremos nós fadados a andar em círculos eternamente? Quando Esaú fica furioso com Jacob e Rebeca pede para que ele se exile e apenas volte quando seu irmão se acalmasse, não penso que ela foi ingênua ao julgar que a ira não seria eterna. Afinal, se ela conhecia bem o seu filho para perceber que Esaú não poderia herdar a liderança do povo de Israel, não seria nesse momento que seu julgamento falharia. Sim, deve aparentar que eu apenas estou sendo tão ingênua quanto ela, mas se vemos a história se repetir diversas vezes, porque não levamos também em conta a fala de Rebeca? Para mim, imaginar um futuro de repetição em que esta apenas pode ser quebrada quando não houver coexistência entre Esaú e Jacob, é muito assustador. O tempo pode ser espiralar, mas isso não significa andar em círculos, significa aprender com a voz passada e moldá-la até se tornar presente. É um momento difícil para todos nós. Certezas se desfizeram em pó, confianças foram quebradas e a esperança nos foi roubada. Mas não sairemos do lugar, não mudaremos nada, se não escutarmos a voz de Rebeca. Sim devemos lutar, devemos reagir, mas não sem terem mente um mundo em que o que nossos patriarcas sofreram deixe de se repetir. A utopia não é boba, é um exercício necessário para imaginarmos o que devemos colocar em prática.


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