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Foto do escritorMarcos Wanderley

Pessach

“A redenção do caminho da vida e da fé”

 



Pessach (literalmente, Passagem) é um clamor para reparação de um sofrimento. É a transição da escravidão para a liberdade de nosso povo. Nosso representante – Moshê Rabenu – somou-se às vozes dos filhos de Israel e buscou a providência diante do Eterno.

 

Todos os anos, contamos o Seder de Pessach através da Hagadá: nossos antepassados foram escravizados pelos egípcios. Dez pragas assolaram o Egito, obrigando o Faraó libertar o povo judeu. E assim nasceu o nosso povo.

 

Os egípicios eram politeístas, adoravam a natureza, acreditavam nas leis de causa e efeito e isso, de certa forma, nos influenciou. O objetivo das dez pragas era desacreditar os deuses egípcios, prepararnos para um ascensão espiritual inédita, pois o Faraó acreditava que o poder estava nos homens, nos animais e na natureza e rejeitava a a ideia monoteísta. Ele, próprio se julgava um deus. O rio Nilo era um deus para eles porque eles acreditavam que a subsistência era dada pelo rio.

 

A festa de Pessach – 15 de Nissan (este ano – 22 de abril à noite) comemora a transição do Povo Judeu da escravidão para a liberdade. Sete dias em Israel, 8 dias na diáspora. Ano após ano, contamos no Seder de Pessach a história relatada pela Hagadá: Os egípcios escravizaram nossos antepassados, D’us interveio golpeando o Egito com as Dez Pragas e isso forçou o Faraó a libertar todos os judeus. Isso resume a história do nascimento do Povo Judeu. Os feiticeiros do Faraó praticavam magia, transformavam coisas que não podiam desfazer e acreditavam que os fenômenos naturais eram mágicos. Eles acreditavam na própria faceta que criavam, apesar de serem sofisticados e cultos. Mas eram pagãos.

O que define o milagre judaico é justamente o contrário. O Eterno usa as leis da natureza que ele próprio criou, entretanto, quando precisa acordar os seres humanos, as quebra de forma consciente para cuidar dos seus. Não é como o fenômeno ocorre, mas quando ele ocorre. Há alguém além do mundo físico e este é H’Shem, com mão forte e poderosa em uma linguagem antropomórfica. Pessach é a oportunidade que nós temos de lembrar deste grande cenário verdadeiro e termos mais uma oportunidade de afastarmos o paganismo cada vez mais de nossos corações, nos purificando a cada dia. A matzá é o pão da pobreza, todavia nos dá o ensinamento da simplicidade, de não termos soberba, de ser sermos quem devemos ser de acordo como os preceitos do Eterno, de crer nEle com Kavaná. É vivenciar a Torá e o judaismo com seus ensinamentos em toda a sua plenitude, pois agora somos libertos.

 

 

O Zohar - Uma das obras centrais da Cabalá, o Zohar, interpreta a saída do Egito como uma jornada espiritual da escravidão à liberdade. Na Cabalá, o Egito representa a escuridão e o exílio espiritual, enquanto a libertação simboliza a ascensão da alma para um estado mais elevado de consciência.

 

Principais leis de Pessach

Remoção de Chametz: antes do início de Pessach, é necessário remover completamente qualquer chametz (alimentos fermentados à base de grãos: trigo, cevada, centeio, aveia e espelta) das casas, incluindo migalhas. Isso é feito por meio de uma busca cuidadosa e uma limpeza completa. Observação: os askenazim têm o costume de não comer kitniyot que  surgiu por volta do século XIV ou XV, na época do Maharil. Kitniyot são: arroz, trigo-sarraceno, painço, feijão, lentilha, ervilha, mostarda, broto de feijão, óleo de canola, cominho, alcarávia (kümmel), grão de bico, milho, xarope de milho, dextrose (quando produzida à base de kitniyot), emulsificantes, anis, fenogrego, linhaça, feijão verde, goma-guar, lecitina, alcaçuz, pipoca, papoula, açafrão, sementes de gergelim, soja, óleo de soja, broto de alfafa, vagem, sementes de girassol e tofu. Os sefaradim não adotaram este costume.

Proibição de Chametz: durante Pessach, é proibido possuir, comer ou beneficiar-se de qualquer tipo de chametz. Isso inclui até mesmo a posse de chametz em suas propriedades.

Comendo Matzá: durante a primeira noite (ou duas noites fora de Israel) de Pessach, é uma obrigação comer matzá, um pão ázimo que simboliza a pressa com que os israelitas deixaram o Egito.

Alimentos Fermentados: além de evitar chametz, é necessário evitar alimentos fermentados, incluindo bebidas alcoólicas feitas a partir de grãos fermentados.

Lei da Kashrut Específica de Pessach: durante Pessach, a comida deve ser preparada de acordo com as leis da kashrut específicas da festa. Isso inclui usar utensílios, pratos e panelas que tenham sido purificados de qualquer vestígio de chametz. Observação: só é possível kasherizar utensílios feitos de vidro e inox. Não é possível kasherizar: utensílios de plásticos, alumínio, cerâmica  ou  louça. O ideal é ter utensílios somente de Pessach quesão guarados separadamente durante o ano antes da festa. Neste caso, podem ser usados utensílios de qualquer material.

Seder de Pessach: o Seder é uma refeição cerimonial realizada na primeira noite (ou duas noites fora de Israel) de Pessach. Ele segue uma ordem específica, incluindo a leitura da Hagadá (um texto que narra a história do Êxodo) e a ingestão de alimentos simbólicos, como matzá, ervas amargas, entre outros.

Proibição de Trabalho: assim como em outros feriados judaicos, há uma proibição de realizar trabalho servil nos primeiros dois e últimos dois dias de Pessach na diáspora, e nos primeiros e últimos dias em Israel.

 

Chag Pessach Sameach

 

Sefirat HaOmer (Contagem do Ômer)

 

A Torá nos ordena contar o período do Omer, a partir do segundo dia de Pessach, neste ano após o anoitecer do dia 23 de abril (terça-feira à noite). Na época do Templo de jerusalém, todo judeu tinha que levar uma oferenda dos novos grãos. No dia seguinte, iniciava-se o Sefirat HaOmer (a Contagem do Omer) que durava 49 dias e no 50º dia é a Festa de Shavuot. Com a destruição do Templo, não é possível fazer mais oferenda, mas a tradição da contagem do Omer, continua até os nossos dias atuais. É uma imersão espiritual das sete semanas da saída de Mitzraim (Egito) até recebermos a Torá no Monte Sinai (em Shavuot). Este processo de 49 degraus serviu de libertação física e espiritual, já que havia havia uma influência do paganismo egípicio era necessária a purificação espiritual pararecebermos a Torá. H’Shem (O Eterno) mostrou a Moshê rabenu como passar por este processo. Cada filho de Israel deveria mudar um aspecto de seu caráter e personallidade.

Nesses 49 dias de Sefirat HaOmer temos a oportunidade de nos elevarmos, paulatinamente, os degraus do aprimoramento pessoal. De acordo com a Cabalá, são sete as emoções básicas de todos seres humanos, e estas correspondem a sete das Dez Sefirot. Chamadas de Midot, estas são: Chessed, bondade; Guevurá, severidade ou força; Tiferet, harmonia; Netzach, perseverança; Hod, empatia; Yessod, união; Malchut, realização do potencial no homem. Os 49 dias do Omer é a multiplicação de sete vezes as Sete Sefirot. Canalizamos a energia do dia quando interiorizamos seu significado, somando uma a outra.

As expressões do Eterno são consideradas emanações divinas pelas quais o mundo fora criado. Cada emanação é um arquétipo do físico, emocional, intelectual ou espiritual.

A emoção específica e a sua subdivisão é:

O 1º dia é Chessed Shebechessed - A bondade que existe na bondade;

O 2º dia é Guevurá Shebechessed - A severidade ou o rigor que existe na bondade. Etc.

 

A Contagem

A Contagem do Ômer deve ser sempre feita de pé, após o aparecer de, pelo menos, três estrelas, que é mais um novo dia. Entretanto se houver algum impedimendo nesse momento, pode fazê-la até meia-noite.

Se alguém esquecer em alguma noite de contar o Omer, poderá fazê-lo no dia seguinte, porém sem dizer a b’rachá(bênção). Se a pessoa esquecer também no dia seguinte, não mais poderá recitar a b’rachá durante os dias remanescentes. Porém, mesmo no caso de não mais poder recitar a b’rachá, a pessoa deve continuar contando os dias do Omer.

A Contagem do Omer pode ser realizada em qualquer idioma, porém o costume é fazê-lo em hebraico. Todo Sidur apresenta a ordem e orientações necessárias. Se não tiver Sidur, o aplicativo Sefaria, os site Morashá.com e Chabad.org têm as informações.

Referências:

O Ser Judeu

O Mais Completo Guia Sobre Judaísmo

Sidur Completo (Editora Sefer)

Judaismo Vivo

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