“A história precisa ser contada. Não há outra coisa a fazer com os espectros (como Freud bem mostrou) a não ser exorcizá-los.”
Moacyr Scliar, no prefácio.
Segundo as Nações Unidas divulgaram em seu “Relatório Global sobre Tráfico de Pessoas”, lançado em Viena, em fevereiro de 2021, cerca de 50 mil pessoas foram vítimas de tráfico humano em 148 países, apenas em 2018, número que provavelmente é subestimado dado a natureza hedionda do crime e os vários interesses envolvidos neste tipo de problema, cujo alvo principal são as crianças do sexo feminino e mulheres. Esther Largman, escritora e historiadora, nascida no seio da comunidade judaica da Bahia, como Esther Palatnik, trata em seu livro Jovens Polacas, exatamente deste tipo de crime, o tráfico de mulheres. Eram jovens judias, coaptadas sobretudo na Europa Oriental, com falsas promessas de amor e de uma vida melhor, trazidas e lançadas à prostituição obrigatória no Novo Mundo.
A narrativa aborda o tema em um livro ficcional, inspirado em extensa pesquisa histórica, em 03 épocas, o drama vivido por estes jovens judias que chegaram ao país sobretudo a partir do início do século XX. A obra acompanha a história de uma destas “escravas brancas”, através das entrevistas de um jovem jornalista, durante a elaboração do seu doutorado na investigação do tráfico destas mulheres, conhecidas como Polacas e memórias da filha de uma destas vítimas. A obra tem prefácio de Moacyr Scliar, que nos diz que Esther “reconstitui com simplicidade, mas maestria, um capítulo da história judaica e brasileira”.
Esther Largman, tem uma escrita fluida e agradável e a história é montada de modo tão documental, quanto literária, e de resto concordamos com Scliar quando este diz que lemos com “prazer e emoção”, embora deva acrescentar que também com tristeza, o drama dessas pessoas, reduzidas em sua condição humana.
O livro de Esther Largman, nos convoca a olhar não apenas para o passado, mas para o nosso próprio tempo e observar que embora o fenômeno das Jovens Polacas, tenha cessado seu fluxo com o advento da Segunda Guerra Mundial, nosso presente ainda é acompanhado por esta chaga.
O livro deu origem a um filme de mesmo nome, dirigido e escrito por Alex Levy-Heller em 2019, entre outros grandes nomes por Flávio Migliaccio e Berta Loran.
Expediente: Jovens Polacas. Da Miséria na Europa à Prostituição no Brasil. Autora: Esther Largman. Editora BestBolso, 2007 (relançamento). 321 páginas.
Disponível por R$13,00. na Amazon (clique aqui) e também na Estante Virtual, a partir de R$8,00 (clique aqui)*.
(*) N.E.: Valores não incluem frete. Nem o autor nem a SIB recebe qualquer participação na compra destes livros através dos links disponibilizados neste texto
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