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Foto do escritorMaria Antônia Palmeira

Prata da Casa: Israel Kislansky

Atualizado: 29 de abr. de 2022

De tempos em tempos trazemos para o SIB e-news membros da nossa comunidade que se destacam, de alguma forma, entre os seus pares. Seja profissionalmente, artisticamente ou, no caso de Israel Kislansky, ambos.


Israel Kislansky - Reprodução



Israel Kislansky é um escultor sensível, fascinado pelo corpo humano. Judeu e fez parte da comunidade por um longo tempo. Estudou no Colégio Israelita da Bahia, morou no Jardim Baiano, participou do Movimento Juvenil Ichud Habonim (que mais tarde seria o Habonim Dror), com seus amigos e frequentava a hebraica. Cita várias famílias, como amigos que nunca esquecerá (Mauro e Sergio Brachmans, Sapolnick, Rabinovitz, Simone Uderman...


"Muitos eram meus ídolos, meus madrichim", ressalta com muito carinho de forma saudosa.


Hoje reside em São Paulo, é casado com a também artista Angelica Arechavala com quem tem uma filha, Maria, de 11 anos. Junto com o casal vive Igor da Gama Kislansky, filho do primeiro casamento do artista.


Agora, volta para uma exposição, com uma coleção de 76 obras no Palacete das Artes na Graça. Além das obras de grandes portes, será apresentado um filme feito por seu filho, Igor Kislansky de 16 anos.




Pude bater um papo com Israel e o resultado você confere abaixo:


Em suas obras, a representação feminina está sempre presente, inclusive personagens marcantes da literatura brasileira, mas na vida real, quais são as mulheres que te inspiram?


Tenho uma família (uma mulher, uma filha e um filho). Mulher é algo fundamental! É redundante falar da mulher o quanto ela é fundamental! Ela é a fonte da vida, a semente fica dentro dela. Na verdade, não há um nome. Então, as ânforas são as estruturas, elas representam justamente esta ideia, uma fonte de vida, do ventre dos seios, da vida que a mulher representa. Umas das vantagens da arte não cabe nas palavras. A arte permite muitas leituras; a ideia da mulher é como pote, uma ânfora, a mulher que contêm a vida. Mas, o que seria isso? É uma semente? Vejo muito mais que isso, muito mais complexo, mais inteiro. As artes plásticas entram no ambiente da sensibilidade do real adentrando na subjetividade.


Como a sua ancestralidade e suas raízes judaicas refletem na sua arte?


É uma pergunta que eu mesmo me faço, né?

porque eu tenho uma série de obras que fiz, mais explicitamente judaicas. Depois que meu filho nasceu, comecei a fazer algumas esculturas que lembravam inclusive os velhos da sinagoga da Bahia da minha infância. E fiz uma exposição na hebraica da Bahia chamada Aba Shely em homenagem ao meu pai. Dos quais uma das esculturas é mais uma espécie de retrato dele, nada fiel, mas, uma série de personagens judaicos de quando éramos pequenos, como fotos dos meus irmãos e do meu irmão mais velho fazendo o bar mitzvah, na Sinagoga da Bahia.


Cerâmicas Judaicas 2010.

fonte: http://www.achabrasilia.com/israel-kislansky/



Então, naquele momento fica muito claro um contexto autobiográfico, um capítulo muito judaico. É uma coisa muito engraçada porque há um conflito dentro de mim porque ser judeu e baiano é algo muito especial, né? É uma realidade muito especial. A cidade da Bahia é muito erótica, muito sensual, mais que tudo, a sensualidade está muito presente! Todos nós fomos à sinagoga, mas também fomos aos carnavais de rua, né? Então esta sensualidade faz parte da nossa experiência de vida, somos baianos!! Sou baiano, pulei muito carnal, namorei muitas mulheres, 90% não judias e acabei casando-me com mulheres não judias. A vida e a sensualidade baiana está muito presente nas minhas esculturas e é também minha raiz! Agora, é uma sensualidade que talvez tenha um certo recado, e não posso deixar de atribuir de certa "Judaicidade". Há um certo contraste de quem vê meu trabalho e de quem ouve meu nome; com escultura desta ordem, de referências bacantes, vinda de um Israel Kislansky, soa no primeiro momento um pouco estranho, né? E talvez seja! Aí eu tenho que viver mesmo com esta estranheza!


E é uma estranheza aos seus olhos?


Aos meus olhos, talvez. Eu nunca tive oportunidade de ir a Israel, agora estou com muita vontade de ir. Depois que li Amos Oz, abriu uma nova perspectiva de Israel, me deu mais vontade de experimentar um judaísmo na minha vida dentro de Israel, um judaísmo mais amplo com outras vertentes, não só o judaísmo que a gente recebe nas comunidades mundo afora, talvez se tenha mais espaço de diversidades e isso me faça sentir menos fora da curva.


O que espera dessa exposição? E sobre a bacante A CABEÇA de bacante nº II?


Todas se chamam bacantes, no momento que estava na modelagem daquela cabeça eu vinha lendo, “Viva o Povo Brasileiro” de João Ubaldo, uma forma de entender o Brasil e eu fiquei chocado. Mas veja que interessante a própria identidade d’As Bacantes vem de uma leitura que é de Eurípides, me identifiquei com a energia das peças com a energias das bacantes. Sou uma pessoa muito ligada à literatura é algo imprescindível, não um estudioso, mas um grande consumidor.


Existe uma peça que você tenha um apreço maior?


Sim! A melhor peça em toda minha vida é a próxima!




(Aviso: vídeo contém imagens artísticas de nudez)

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