Em Oppenheimer há uma cena na qual um grupo de políticos, militares e cientistas escolhem as cidades alvo das primeiras bombas atômicas.
Na cena, o secretário de estado dos EUA retira Kyoto da lista de 10 cidades, mencionando que foi nessa cidade que passou sua lua-de-mel.
Tóquio também é retirada pois é necessário ter o Imperador vivo para as negociações de rendição japonesa.
É chocante perceber a falta de "skin in the game" dos que decidem friamente a morte de milhões de pessoas. Sem a mínima consequência para eles próprios.
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As mais recentes guerras no mundo mostram o uso indiscriminado da tecnologia para aniquilar seus inimigos, com maior ou menor precisão - levando a menor ou maior efeito colateral.
Nenhum dos que manipulam drones de guerra ou mísseis guiados estão diretamente em perigo - não têm nenhum "skin in the game". A pele deles não está em jogo.
Essa é a diferença entre Xerxes e Alexandre, o Grande: enquanto o primeiro via a batalha ao longe e não se importava com as baixas de soldados do seu exército, o segundo lutava lado a lado com seus comandados, sentindo o calor da batalha para tomar a melhor decisão estratégica.
A falta de "skin in the game" torna a guerra fria e impessoal... uma perversão maior que todas as perversões que a humanidade já pode cometer.
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Em todos os conflitos mundiais, a diplomacia brasileira tem a tradição da neutralidade durante seu início.
Tanto na 1a quanto na 2a Guerras Mundiais, o Brasil só entrou quando o conflito já estava decidido do ponto de vista macro. Sempre apoiamos quem já estava ganhando.
Claro que os pracinhas foram bravos e decisivos nas batalhas da Itália, realizando ações que nem os americanos haviam conseguido, mas era no front alemão que estava o confronto final da 2a Guerra Mundial.
É preocupante ver o Brasil tomar lado em um conflito mundial logo no seu início. As alianças geopolíticas ainda estão se estruturando e já temos lado.
Não sabemos ainda que lado é esse: se o lado vencedor ou derrotado.
Mas me preocupa que alguém, longe daqui, possa em uma sala de reuniões decidir bombardear Salvador, só porque alguém passou a lua-de-mel no Rio e precisam de Brasília para negociar.
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