A população da Palestina em 1947, segundo o governo Britânico, constituía-se de 1.200.000 árabes, 650.000 judeus e 150.000 outros. Provavelmente o número de árabes poderia estar exagerado enquanto que o número de judeus subestimado, em função das imigrações ilegais cujo número era desconhecido pelas autoridades Britânica.
Os árabes palestinenses acreditavam que com o terrorismo poderiam derrubar a resolução da ONU. Também acreditavam que iriam receber ajuda dos países árabes vizinhos, sob forma de armamentos, homens e recursos financeiros.
As pretensões e interesses das nações árabes eram distintas sobre a questão da palestina. A Síria sonhava com a Palestina do domínio Otomano e pretendia no mínimo anexar a seu território a Galileia Oriental. Tendo assim o controle da nascente do Rio Jordão. O Egito a considerava de importância secundária, porém queriam a retirada do domínio Britânico da zona de Suez e almejavam a anexação do Sudão. O Líbano por sua fraqueza econômica estava mais interessado em seu fortalecimento acima de tudo de sua própria defesa. A Arábia Saudita, como não fazia fronteira com o território estava desinteressada por um confronto militar. O Rei Abdullah da Trans Jordânia sonhava com o Grande reino Hachemita e queria a anexação do território da palestina e para isto contava com a força da Legião Árabe, uma força poderosa, bem treinada pela Inglaterra e sob seu comando. O Iraque por sua vez, tinha interesse na região de Haifa para ter acesso ao mediterrâneo. Onde terminava o oleoduto de Mossul.
Apesar dos interesses distintos, um ponto os mantinha unidos, todos se opunham à partilha. Em outubro de 1947, em uma reunião da Liga Árabe, adotaram as seguintes resoluções:
Aumentar a presença militar nas fronteiras com a Palestina.
Apoiar os Árabes da Palestina na sua luta.
Estimularam que os países fronteiriços absorvessem a população árabe que pudesse vir a ser evacuada da região no caso de operações militares.
Com a orientação da Liga Árabe uma população de 200.000 árabes palestinenses, em alguns artigos citam até 400.000, se deslocam para a Cisjordânia com a promessa que retornariam aos locais de origem após os exércitos árabes jogarem os judeus ao mar.
Porém como Israel ganhou esta guerra de maneira inacreditável, um verdadeiro milagre, estes árabes palestinenses não puderam retornar as suas origens. Ao mesmo tempo os países árabes não quiserem absorve-los como seus cidadãos e os colocaram em campos de refugiados sendo esta população que hoje compõe o povo Palestino.
As forças de um futuro Estado Judaico, Israel, eram muito limitadas, sendo a mais importante a Haganah, além de dois grupos dissidentes o IrgunTzvai Leumi (Organização Militar Nacional) e o Lokha-Mei Kherut Israel (Combatentes pela Liberdade de Israel), estas duas últimas organizações de pequeno impacto sobre as forças de defesa do futuro Estado.
O período em que a Grã-Bretanha era responsável pela manutenção da lei e da ordem houveram diversos ataques dos árabes as colônias judaicas. Havia, podemos chamar de uma neutralidade simpática adotada pela Grã-Bretanha que possibilitou os árabes operar com maiores facilidades, enquanto prejudicava os judeus.
Entre a resolução das Nações Unidas e a proclamação da independência o futuro Estado de Israel deveria se organizar, em cinco meses, já que em 15 de maio de 1948 os Britânicos deveriam abandonar o país. Na sexta-feira, 14 de maio de 1948 o Estado Judeu foi proclamado sob o nome de Israel, conforme artigo anterior.
Na manha seguinte, onze horas depois da declaração de independência de Israel, a guerra começa. Os libaneses pelo norte, ao nordeste as tropas Sírias, a Legião Árabe e soldados Iraquianos na fronteira jordaniana. O maior perigo veio do sul, onde os egípcios, apoiados pela aviação chegam rapidamente a 35 quilometro de Tel Aviv, o Estado de Israel estava a beira de um desastre.
A resistência judaica nas colônias rapidamente se organizou e com as armas que os judeus conseguiram trazer do exterior como, canhões, carros blindados e aviões, e falaremos adiante sobre a curiosa história do início da aviação Israelense, como que um milagre transformasse os novos imigrantes em soldados combatentes e comandados por oficiais sem patentes.
Este exército recém criado, em duas semanas, demonstrou que poderia enfrentar o inimigo e impediram que Tel Aviv, Haifa e Jerusalém caíssem em poder dos árabes.
As batalhas prosseguem em todas as frentes. Os Judeus penetram no Líbano e sua aviação atrevidamente fazem incursões sobre as capitais da Transjordânia e Síria. A estratégia foi golpear o inimigo em várias frentes, uma por vez e separá-los, mantendo uma tática flexível, composta de ataques com avanços e retiradas em torno dos centros mais importantes.
A liberação de Jerusalém foi o combate mais difícil, houve a necessidade de se construir uma nova estrada para permitir o trânsito de Tel Aviv para Jerusalém, já que o controle da principal estrada estava bloqueado pelo exército jordaniano que dominavam o forte de Latrun, local onde ocorreu uma batalha decisiva para a conquista da cidade nova de Jerusalém.
No mesmo dia da conquista de Jerusalém, 11 de junho, entra em vigor uma trégua de quatro semanas, imposta pela Nações Unidas, negociada pelo Sueco, Conde Bernadotte, o que permitiu um período de descanso e deu aos governantes de Israel tempo para reorganizar e solucionar problemas básicos de existência do novo País.
Nessa ocasião, começaram a chegar os primeiros representantes diplomáticos dos países que reconheceram o Estado de Israel. A vida aparentemente estava se normalizando e os serviços públicos eram gradativamente implantados e funcionavam adequadamente.
Enquanto o cessar fogo vigorava, Ben Gurion, defendia a ideia, perante os seus colegas de gabinete, que era inadequado e inadmissível a situação afirmando: “Não pode haver dois Estados, não pode haver dois exércitos” referindo-se principalmente as atividades do Irgún e muitos de seus líderes foram presos, assim como a dissolução do Palmach e suas forças absorvidas pelo do Exército de Israel, atendendo a necessidade de “Um só Estado, um só Exército”.
Isto possibilitou a criação do Exercito de Defesa de Israel e dois dias após a dissolução do Palmach, a trégua terminou e os combates começaram ainda mais violentos, porém com o exército de Israel mais armado, treinado e organizado e assim passou da defesa para o ataque. Em apenas dez dias a situação militar se modificou favorável a Israel em todas as frentes de batalha.
Uma segunda trégua foi imposta pela ONU por tempo indeterminado e David Ben Gurion nosso grande líder declara: “Não sabemos até quando permaneceremos tranquilos. Desejamos ardentemente a paz, queremos conviver com os nossos vizinhos, temos a esperança de dias melhores, mas temos que nos manter preparados para o pior. Temos que ser realistas e enfrentar o destino que nos foi traçado”.
Em 25 de janeiro de 1949, o MAPAI, partido político de Bem Gurion, obtém 35,7% dos votos, assegurando a maioria relativa de 46 deputados e Chaim Weitzmann é eleito o presidente do Estado de Israel e David Ben-Gurion o primeiro- ministro acumulando também a pasta de Defesa.
O novo governo estabelecido estava preocupado com a condição de Jerusalém e pelo fato que o Neguev estar sob controle do Egito, porém na partilha fazia parte do Estado de Israel. Aproveitando o fato de egípcios terem disparado contra veículos israelenses, Bem Gurion ordena um ataque para a liberação do Neguev. Quatro dias após as forças Israelenses ocuparam Beer-Sheva.
A ocupação da área a oeste do Jordão pelas tropas do Rei Abdulla e a presença dos Egípcios em Gaza não permitiram a criação do segundo estado como estava disposto no plano de Partilha aprovado pela ONU, assim começa o problema dos refugiados árabes palestinenses que não foram absorvidos como cidadãos dos países que o acolheram e os colocaram em campos de refugiados.
Em janeiro de 1949, o Egito propõe a suspensão das hostilidades e a negociação do armistício que foi negociada em Rodes, concluídas em três meses com todos os países fronteiriços ao novo Estado a exceção da Arábia Saudita e Iraque, terminando a Guerra de Independência do Estado de Israel.
Fontes:
Ben Gurion: Edição comemorativa do centenário do seu nascimento.
História de Israel: Dos primórdios até os dias de hoje.
Abba Eban: A história do povo de Israel.
Israel 50 anos.
Wikipedia
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