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David S. Moran

Terremoto Político em Israel

O que estava no ar por muito tempo, aconteceu. Na terça-feira (5) Netanyahu acabou de demitir seu Ministro da Defesa, o General (Ref.) Yoav Gallant. Netanyahu que não assume nenhuma responsabilidade do que aconteceu em 7 de outubro, 2023, recusa se demitir alegando "estamos no meio da guerra, vamos fazer as investigações depois dela terminar".

(manchete do Israel Hayom, Demissão por Evasão)


A demissão do Gallant- do mesmo partido do Netanyahu, Likud - tira do governo o único ministro que fazia oposição as atitudes políticas e cínicas do Netanyahu. Os demais ministros e deputados do Likud seguem a liderança do Netanyahu, que é imã eleitoral. Eles sabem que dependem do Netanyahu se quiserem se reeleger.


O cinismo político do Netanyahu é que ele se livra do Gallant, - que trabalhou em perfeita harmonia com o Chefe do Estado Maior e com o chefe do Shabak (ex Shin Beth) e com o chefe do Mossad- para trazer de volta ao Likud, o deputado Gideon Saar com sua agremiação, Hayamin Hamamlachti (a Direita Estatal) de 4 deputados. Saar que foi dos líderes do Likud e saiu do partido metendo o pau no Netanyahu. Em março de 2023, Netanyahu já havia demitido o Gallant que se opôs a reforma judiciaria, alegando que leva a ditadura. Ante os protestos do público readmitiu-o. Na época Gideon Saar qualificou a demissão de" ato de loucura".


Em março de 2024, Saar demitiu-se do governo Netanyahu para retornar 6 meses depois sabendo que nada mudou. A cadeira de couro de ministro lhe atraiu, pensando que ia ser nomeado ministro da Defesa, mas Netanyahu prefere um homem de sua confiança, o atual ministro das Relações Exteriores, Israel Katz e o Saar o substituirá. Saar ameaçou esta semana que iria votar contra o projeto de lei que isentaria os ultra ortodoxos de fazer serviço militar, como os demais jovens israelenses quando chegam aos 18 anos.


O espanto de todos é que esta decisão foi feita quando o Irã ameaça retaliar com força ao ataque israelense no Irã. O drama é maior por Gallant ser o homem de confiança e contato com o governo americano, que só confia nele. O governo americano perdeu a confiança no Netanyahu e agora está ainda mais bravo com o primeiro ministro que tomou esta atitude no dia das eleições americanas. Mesmo que o Trump venceu as eleições, o atual governo continua governar até 21.1.2025.


O maior aliado dos americanos (Gallant) sai de cena. Todos os contatos militares foram feitos com a presidência americana, com o Comandante da CETCOM e demais militares. Agora os contatos serão feitos com um "recruta" militar, que é o ministro Israel Katz.


Gallant foi relutante exigindo o alistamento militar de ultra ortodoxos (haredim), como de todos os jovens israelenses aos 18 anos. Mais urgente atualmente, pois faltam soldados ao Tsahal devido a cerca de 900 soldados caídos e mais de 15.000 feridos.


Em Israel há muita revolta com a isenção dos ultra ortodoxos que não se alistam as Forças Armadas. Eles são o fiel da balança política e usam este poder para ter mais e mais benefícios. O israelense que quer seguir estudos superiores, termina o colegial, serve 3 anos no exército e vais estudar na Universidade. Aliás muito mais maduro do que se o fizesse aos 18 anos. Não há nenhum motivo que um jovem ultra ortodoxo não siga o mesmo formato. Mesmo porque o exército está disposto criar batalhões para que eles mantenham suas tradições. Os políticos haredim querem mostrar o seu poder através do não alistamento. Como diz um alto oficial do próprio governo:" não só que os haredim não ingressam no exército, eles também nomeiam o Ministro da Defesa".


Netanyahu que deve depor no tribunal no mês que vem, faz de tudo para se manter no poder e por isso necessita do apoio dos haredim. A ameaça deles é vaga. Eles sabem que não obteriam de nenhum outro governo os benefícios que tem com o Netanyahu.


Netanyahu ainda não foi visitar os povoados atingidos em 7 de outubro. Ele não quer encontro com os familiares dos sequestrados e se encontra com aqueles que o apoiam.


Agora, teme-se que Netanyahu que critica muito o Chefe do Estado Maior, Major General Herzi Halevi e o chefe do Shabak, Ronen Bar e os responsabiliza pela maior tragédia que ocorreu em Israel no dia 7.10, alegando "eu não sabia de nada", vai demiti-los também para colocar pessoas que são de sua confiança. Eles juntamente com a Conselheira Judiciária do Governo, Gali Baharav Miara que ele quer demitir são o último bastião para preservar a democracia israelense.


A demissão do Ministro da Defesa, Gallant, abafou e tirou dos noticiários os 2 escândalos que envolvem o gabinete do Primeiro Ministro e estão sendo investigados. O primeiro é a retirada de documentos ultra secretos pelo porta voz do Netanyahu, que ele não devia ter acesso, pois foi reprovado nos testes de segurança. Ele os passou a jornalistas no exterior. O segundo trata da suposta falsificação de protocolos de reuniões governamentais logo após o ataque da Hamas em 7 de outubro. O Secretário Militar do governo alertou sobre isto.


Netanyahu desfruta de popularidade, mas sem dúvida não segue a linha do Likud (nacionalismo liberal), ele representa o Bibismo, que são os adoradores do Benjamin (Bibi) Netanyahu. O líder do Likud, Menachem Begin, que faleceu em 1992 certamente não aprovaria as atitudes do Netanyahu. Ele mesmo vendo o sofrimento da 2ª guerra do Líbano, demitiu-se do posto de primeiro ministro. O Ministro da Defesa de Israel e ex Embaixador nos EUA, Moshe Arens, que recrutou o Netanyahu para a ONU e o trouxe para a política. Mas, já no começo do mandato do Netanyahu como primeiro ministro, Arens expressou sua dissatisfação do Netanyahu e nas eleições seguintes já o confrontou para o posto e perdeu.


Voltando ao assunto haredim que não se alistam as Forças Armadas de Israel, eles o fazem por comodismo, pois os religiosos nacionalistas sim servem no exército, em todas as forças e são muito bons comandantes e soldados. Infelizmente, entre as baixas de militares israelenses a porcentagem dos que usam a yarmuka é bem maior do que sua porcentagem na população geral. Assim, é impossível admitir que centenas de milhares de reservistas servem há 200-300 dias e outros se esquivam e não fazem nem serviço militar obrigatório.


Netanyhau informou seu ministro da Defesa que está o demitindo, 2 minutos antes dos noticiários na TV. Assim conseguiu também abafar os escândalos que seu gabinete enfrenta e as reportagens das eleições americanas.


Quando Yoav Gallant falou a respeito disse:" fui demitido por minhas claras prioridades que são: O Estado de Israel, Tsahal (FDI) e o nosso sistema de segurança e só depois o meu futuro pessoal. Nos avançamos e ganhamos em Gaza e no Líbano e o terror na Judeia e Samaria. Eliminamos os líderes do terror no Oriente Médio. Agimos pela primeira vez com ataque certeiro no Irã"." minha demissão é devido a 3 divergências: O alistamento dos ultra ortodoxos às FDI, nosso compromisso ao retorno dos sequestrados e a formação de Comissão de Inquérito Nacional. (a qual Netanyahu se opõe).


Centenas de milhares de israelenses saíram as ruas para protestar, mas no final das contas nada acontece. Enquanto o premier desfrutar de mais de 60 deputados no Knesset, (de 120) ele governa com maioria e a oposição só pode reclamar.

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